sábado, 21 de abril de 2007

Quase tudo. Ou muita coisa

Sei que você gostaria de ter os cabelos escorridos da sua mãe. Sei que às vezes chora em silêncio, para lavar a alma. Sei que se orgulha de suas unhas, compridas e fortes e que adora pintá-las de vermelho. Sei que ama tudo que é feminino, do seu vestido rosa aos perfumes de flores brancas. Sei que tem um sonho contido em ser grande, pioneira e desbravadora em algo que ainda não sabe o que. Que é segura quando parece feita de açúcar. Mas que também é insegura. Sei que sonha alto e é louca por uma taça de vinho tinto. Sei que adora dormir com os cabelos molhados e que tem pesadelos quando dorme sem meias. Sei que não toma banho de banheira para que seus dedos não fiquem enrugados. Sei que odeia errar uma receita. Sei que odeia errar. Sei que acredita em banhos de sal grosso e rezas em ladino. Sei que sente necessidade de desabafar e que derrama lágrimas contidas por seu trauma. Sei que prefere lapiseiras a lápis e que detesta quando explicam seu pavor de cobras como fálico. Sei que fica introspectiva ao entardecer. Sei que é louca por cheiro de inverno, banho quente e esfoliantes a base de açúcar. Sei que odeia quando falam com você enquanto penteia seus cabelos. Se que gostaria que sua casa cheirasse a lavanda. Sei que não gosta de ovos no café-da-manhã e que não vive sem caldo de carne. Sei que é curiosa. Sei que você também acha que sempre foi séria. Sei que você adora pão de queijo cru, cheiro de alho refogado e sopa de cebola gratinada.
Mas sei acima de tudo, que isso ainda não é tudo.

Inspirado no livro fofo, fofo, fofo Papel Manteiga - para embrulhar segredos.