sábado, 26 de setembro de 2009

Padecendo no paraíso

Há um bom tempo não faço pé, mão ou qualquer outra merecida dondoquice. Mas falta de depilação não passa despercebida. Assim, pelo bem da auto-estima e da vida conjugal, resolvi me organizar. Duas semanas atrás, marquei com a enfermeira e hoje, ligo para confirmar:
- Está certo hoje, né?
- Ai, não, não vai dar
%^$#@. Comprometimento? Pra que?

Sem vislumbrar na agenda outro dia num futuro próximo para uma ida ao salão, corro atrás de alguém que pudesse cuidar da pequena. Ninguém. Fazer o que? Ligo po salão:
- Oi, queria desmarcar meu horário, não tenho com quem deixar minha filha
- Ah Nurit, a gente cuida dela
- Tem certeza? Ela é bem chorona
- Claro
- OK

Chego no salão e a legião da boa vontade vem tentar tomar conta da pequena, que anda em crise de "maezite aguda". A primeira não consegue. Nem a segunda. Vem a terceira "deixa comigo, tenho jeito com criança". E nada.
- Nossa, ela é meio brava, né?
Percebendo a meiguice com o eufemismo, concordei "é, um pouco" e preferi não comentar que ela toma camomila três vezes ao dia.

E assim, na cena seguinte, lá estava eu, a depilar com ela no colo, chorando. Pernas abertas, posição ginecológica e virando o torço de um lado para o outro, ninando a filhota enquanto a depiladora puxava a cera. Comentários adicionais? Acredito ser desnecessário.

"Tatazinha, sei um um dia ainda daremos risada desses bailes, tomando chá e comendo um pedaço e bolo numa noite tranquila, em que tenhamos a certeza de que poderemos acordar bem tarde no dia seguinte. E quer saber? Sei que sentirei falta da época em que você era pequenininha e se acalmava no meu colo".

domingo, 13 de setembro de 2009

Querida filha,

O que tem acontecido com suas noites? Justo você, que costumava ser o orgulho de Orfeu.
Meu amor, quatro da manhã não é hora de brincar. Não dá para notar isso pelo meu humor ao entrar em seu quarto neste horário? Aliás, sai leite do meu peito? Achei que meu corpo não funcionasse antes das sete da manhã. E olha que às sete, já foi uma mudança em função do meu amor por você... antes era bem mais tarde.
Você não gosta que a mamãe brinque com você durante o dia e conte historinhas, como do 'Dino, o dinossauro' e do 'Peixinho Dourado'? Pois é meu amor, acordando neste horário, definitivamente ficará difícil.
Daqui a alguns meses, o papai revezará comigo as manhãs de final de semana - apesar dele ainda achar que não (haha) - mas até lá, a exclusividade é minha e a mamãe não pretende ser co-autora do livro "Quem mexeu no meu sono".

Estamos combinadas? Te vejo amanhã às sete?

Com o maior amor do mundo.
Mamãe

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Antes...

Antes de 01 de junho eu dormia
Antes de 01 de junho eu assistia programas de televisão inteiros
Antes de 01 de junho eu assistia televisão
Antes de 01 de junho eu fazia refeições sem interrupção
Antes de 01 de junho eu tinha as unhas sempre feitas
Antes de 01 de junho eu marcava meus comprimissos de acordo com a minha agenda
Antes de 01 de junho eu tomava café sem ser descafeinado
Antes de 01 de junho eu não passava um dia inteiro em casa
Antes de 01 de junho eu não sabia como uma babá eletrônica pode ser irritante
Antes de 01 de junho eu tinha cheiro de perfume
Antes de 01 de junho eu esperava meu marido sem olheiras
Antes de 01 de junho para sair de casa, bastava fechar a porta e ligar o carro

... E mesmo assim, hoje eu não consigo imaginar como eu podia ser feliz antes deste 01 de junho. Loucura.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

É difícil, sim. Cansa, sim. Dá trabalho, sim. Mas existem centenas de motivos para, ainda assim, valer a pena ser mothern.

Aí vão alguns deles:

. para ser a pessoa mais importante na vida de alguém;
. para ver seu corpo mudar de forma e gerar outra pessoa;
. para ficar horas e horas na seção infantil da Zara;
. para descobrir que a sua capacidade de amar é muito maior do que você imagina;
. para entender melhor a sua mãe;
. para ver de perto uma criança crescendo;
. para ficar mais generosa;
. para o seu casamento passar por uma prova de fogo;
. para mudar de prioridades;
. para comprar o enxoval;
. para escolher o nome;
. para ver alguém bem parecido com você (ou no meu caso, com meu marido);
. para descobrir seus dotes de cantora, atriz e fotógrafa;
. para alterar completamente seu relógio biológico;
. para não passar o domingo vendo televisão;
. para pagar menos no seguro do carro;
. para parar de se preocupar com a arrumação da casa (hummm, este ainda não rolou);
. para ver seu peito dar leite;
. para viver a experiência de quem pôs silicone, sem passar pelo bisturi;
. para encher a casa;
. para parar de encher a cara;
. para fazer novos amigos;
. para conhecer a pessoa mais linda que você já viu no mundo;
. para aumentar o número de pessoas fofas no mundo.

Tirado do site Mothern.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Malu Mulher

A mão eu não faço a três meses (já estou duvidando se o cheiro de hipoglós nao será para sempre), mas sábado foi um dia chic.
Cabelos arrumados, roupa clara sem medo de manchar de regurgito e sem botões na frente para poder amamentar. Bolsa pequena, onde não precisava caber a girafa de pelúcia e lá me fui com marido a passear enquanto mãe-que-é-mãe cuidava da pequena.

Do alto do meu salto, que não usava a uns dez meses e do qual quase cai umas três vezes, fui ao programão sushi mais supermercado.
Entre as gôndolas eu me achava, assim como quando casei, estilo "sou uma mulher independente". Na época de recém-casada era por pagar a fatura mas agora, por usar calça justa, sapatos lindos e bolsinha pequena, passeando entre as gôndolas dona do meu tempo. Tipo assim, meio ridícula mesmo.

A materidade faz cada coisa com a gente. Mas imagine você, uma semana após dar a luz, descabelada às quatro da tarde, com a barriga que não voltou ao lugar e não contém mais um bebê, curvada pelos pontos da cesárea, com um rímel e tentando sorrir para as visitas e uma querida chega e diz: "nossa, que cara de acabada". Daí vem sua irmã caçula com a pérola "bem que dizem que a mulher fica largada de pois de ter filhos".
Pior, imagine você, sentada num café, três meses depois, já se achando ótima, magra e sem olheiras e outra querida que não te vê faz tempo comenta "a maternidade acaba mesmo com a gente, né?".

Deu para entender o momento saltitante entre embalagens de vinagre e latas de sardinha de maquiagem, calça justa, sapatos lindos e bolsinha pequena?