domingo, 23 de junho de 2013

Home Office

Ligo o computador. Preparo a mamadeira. Respondo um e-mail. Ligo a televisão. Acesso uma fatura. Tá, eu coloco o DVD do Pocoyo. Entro no site do banco. Um de cada vez, agora é O Rei Leão. Quem quer gelatina? Respondo três e-mails. Não deixem cair gelatina no sofá! Onde parei mesmo? Ah, no terceiro e-mail. Daqui a pouco te pego no colo. Prezado cliente. Não precisa chorar. Agradecemos seu contato. Tá, vem no colo. Pfhsdjfhj. Não mexe no teclado do computador da mamãe. Digito um pedido. Tá, pega essa caneta que eu pego outra. Envio o pedido. Gente, preciso de dez minutos para responder e-mails. Alô. Beny, cadê você? Alô? Taly, cuidado para não cair. Atenciosamente, Nurit. Mamãe.

Geléia de morango

Estória com geléia

Ana sentou-se na cadeira e deu um suspiro profundo. Normalmente demora duas horas até ficar bem desperta pela manhã. Tomou um gole do suco de laranja e passou requeijão na fatia de pão tostado. Pensou na geléia de morango que estava na geladeira. "Combinaria bem com o café da manhã". Levantou, abriu a geladeira e passou-a sobre o requeijão. Ficou delicioso.
Deu a última mordida e, ainda com a boca cheia, deixou a louça na pia. Saiu correndo. Estava atrasada. Eram 7:36h.
Ligou o carro e logo estava no primeiro farol da avenida. Estava fechado, assim como os outros três. Calculava sempre a sincronia perfeita entre eles: o primeiro fechado, todos os demais idem. E vice-versa.
Chegando ao escritório, avistou a multidão aproximando-se. Sabia que hoje haveria manifestação agendada em sua cidade e tentou apressar-se, mas as ruas já estavam bloqueadas. Tinha medo de aglomerações e não costumava acompanhar a situação política de seu país. Assim, não entendia direito os que aquelas pessoas reivindicavam. Estacionou o carro a três quarteirões do escritório para fazer o restante do percurso a pé. Ufe.
Logo, sem perceber, foi engolida por uma multidão que gritava algo como "o povo, unido, jamais será detido" ou "vencido".. não lembra ao certo.
Tentava esquivar-se quando avistou um par de olhos verdes que a fitavam. Tentou desvencilhar-se do olhar, mas já era tarde, estava hipnotizada. Dez minutos depois, pulava  embebida por uma energia que jamais sentira e um calor tomou parte do seu corpo. Depois, tomou-o por inteiro. Naquele dia não foi trabalhar. Nem nos outros trinta. Aliás, até hoje, não teve mais tempo de abrir planilha de excel nenhuma. Nunca mais desgrudou do par de olhos verdes. Atualmente, Ana cursa sociologia à noite, após dar expediente em uma ONG que luta por causas sociais diversas. E clama, sempre que pode: "o povo, unido, jamais será vencido".

Estória sem geléia

Ana sentou-se na cadeira e deu um suspiro profundo. Normalmente demora duas horas até ficar bem desperta pela manhã. Tomou um gole do suco de laranja e passou requeijão na fatia de pão tostado. Pensou na geléia de morango que estava na geladeira. "Combinaria bem com o café da manhã". Mas teve preguiça de levantar-se.
Deu a última mordida e, ainda com a boca cheia, deixou a louça na pia. Saiu correndo. Estava atrasada. Eram 7:35h.
Ligou o carro e logo estava no primeiro farol da avenida. Por sorte estava aberto, assim como os outros três. Calculava sempre a sincronia perfeita entre eles: o primeiro aberto, todos os demais idem. E vice-versa.
Chegou ao escritório, estacionou em sua vaga e estava em sua mesa pontualmente, às 8:29h. Alguns minutos mais tarde, da tela de seu computador, acompanhou as passeatas que vinham ocorrendo em sua cidade naquela semana. Desta vez, aconteciam a dois quarteirões de seu escritório.
Às 18:00 desligou seu computador e voltou para casa. Requentou um resto de macarrão ao sugo que estava na geladeira e foi dormir assistindo televisão. Estava cansada e amanhã queria acordar mais disposta. Quem sabe daria tempo de comer geléia?

sábado, 15 de junho de 2013

Quando alguém me diz que o filho de fulana ou sicrana é bem ajustado, imagino se ele vem com porcas e parafusos nas costas e é acionado por controle remoto.