segunda-feira, 28 de junho de 2010

Nurit Bond

Após uma longa temporada em São Paulo, lá fui eu reempacotar a casa. Sim, viajar com criança requer praticamente uma transportadora, mas enquanto a Granero inviabilizar a viagem, eu mesma faço o trabalho. Dois volumes explodindo e uma atendente de check-in queridíssima (que não cobrou excesso de bagagem) depois, entro no avião, rumo aos pampas e ao marido, de quem já morria de saudades.
Pequena fofésima no avião, sem piscar os olhos e - ufa - chegamos. Marido pega a Taly enquanto eu, as malas. Roda a esteira, roda, roda, roda e nada do segundo volume chegar. Um olhar mais atento avistou uma bagagem bastante similar, mas que parecia estranhamente... leve. Abro e encontro fraldas, biquinis e roupas sujas. Socorro. Não era a minha.
Corro para a fila de taxi, pois pela fralda, já sabia que era da mulher que também estava com um bebê durante o vôo. Descrevo-a para o taxista que diz:
- Ih dona, ela acabou de sair
- Qual era o número do taxi?
- 2898
- Então vamos ligar par o taxista!
Caixa postal. A esta altura, já havia percebido que Murphy aparecera para uma visita.
De volta ao balcão da Gol, tantamos contatar a madame distraída. Adivinhe: caixa postal. Bom, então abre-se a mala da dita cuja, a procura de algum documento que contenha outro telefone.
Neste momento, já via meus carregadores, documentos de trabalho, sapatinhos da pequena, brinquedos novos, minha bota linda-de-morrer, pó compacto novo da MAC, enfim, tudo o que era MEU, habitando um passado remoto. Até que -ops - um telefone diferente. E de Mato Grosso do Sul, a filial brasileira dos pampas.
Toca, toca e atende um homem, marido de Daniela - a madame distraída - que avisa: "Xi, ela foi para a rodoviária e pegará um ônibus às 18:00h para Serafina Correa".
Ooooi?? Ela vai viajar, não percebeu que a mala está trocada e ainda não teve a capacidade de ligar o celular?
Nisso, Taly chora de sono e marido diz:
- Amor, são 17:30h. Vamos correr para a rodoviária tentar encontrá-la
- Mas está chovendo e é horário de pico
- Estamos em Porto Alegre, quem sabe?!
- Ai, que saudades da minha mala. Ok, vamos.
Numa operação 007, corre-se com as malas, elevador, Taly na cadeirinha, bagagem no porta-malas e rumo à rodoviária. Em alguns momentos, gosto muito de morar por aqui e este foi um deles: às 17:55h estávamos na rodoviária. Corro pelos boxes, de salto alto, me sentindo a própria Nurit Bond, mas p-u-t-a- da vida. Bento Gonçalves, Passo Fundo, Caxias do Sul... SERAFINA CORREA! E madame distraída.
Pausa para respirar
- Você está com a minha mala!
- (cara de espanto) Acabei de perceber que não era minha (tóim). Mas como você conseguiu me achar?
- Ah minha querida, quando se trata de mulheres, botas e maquiagem nova, não se brinca!

Ok. não foi bem esta a resposta, mas para dar mais graça a um final de tarde que acabou com mau-humor e chapinha destruida pela chuva, vale a licença poética, vai?

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Dúvidas de mãe

Lembra da mulher relativamente focada que costumava habitar seu corpo antes da maternidade? Pois é, foi embora levando sua cabeça livre de preocupações, seu sono em dia, sua classe e etiqueta. E sobra você, infinitamente mais feliz, mas com a cabeça cheia de dilemas:

- Encho a casa de câmeras e fico paranóica ou somente fico paranóica?
- Episódio inédito de Desperate Housewifes ou preencher o 'Livro do bebê'?
- Baby Einstein ou Backyardigans?
- Baby-sitter e balada ou baby-sitter e mais horas de sono?
- Salto básico e baixo ou salto alto e Dorflex?
- Estée Lauder ou Johnsons?
- Dar bronca ou dar risada?
- Almoço longo, com conversas e cheio de saudades ou almoço voando, com cadeirão, bagunça e gritos?
- Compras para mim e para ela ou para ela e para ela?
- Massagem e manicure ou aula de música infantil?
- Tentar assumir a 'super nanny' em público ou voltar para casa correndo?
- Pássaro e cachorro ou piu-piu e au-au?
- Domingo na cozinha ou papinha da Nestlé?
- Curtir a retomada de posse do seu peito ou ter mais um filho?
- Mimar demais e culpar a genética de ídiche mame ou mimar demais e pagar terapia mais tarde?

To be continued...

quinta-feira, 11 de março de 2010

Gente, o mundo das festas infantis é um planeta a parte, com cifras estratosféricas.
Só um bolinho é quase uma heresia aos ouvidos dos habitantes da festolândia, que falam a lingua do tem-que-ter.
Aguardem cenas do próximo capítulo...

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Sentada no "café-escritório" passando pedidos. Na mesa ao lado, três fazendeiros. Já ouvi 35 vezes a palavra "milhão", incluindo "só dois milhões de reais". E daí olho para meus pedidos e lamento uma enorme falta de zeros.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Duas estórias

Era uma vez uma criança graciosa e meiga, que tinha uma mãe que a amava demais. Quando ela estava com sete meses, a mãe precisava voltar a trabalhar e resolveu colocar a filhota num berçário escolhido a dedo, após uma longa seleção. No primeiro dia a criança ficou muito bem. No segundo, tranquilíssima e no terceiro, jogou-se no colo da professora logo na entrada. A mãe ficou muito segura, vendo que sua cria estava em ótimas mãos e feliz, e seguiu sua rotina em paz.

Era uma vez uma criança graciosa e meiga, que tinha uma mãe que a amava demais. Quando ela estava com sete meses, a mãe precisava voltar a trabalhar e resolveu colocar a filhota num berçário escolhido a dedo, após uma longa seleção. No primeiro dia, a criança ficou muito bem. No segundo, tranquilíssima e no terceiro, jogou-se no colo da professora logo na entrada. A mãe não acreditava. Tinha certeza de que sua filha seria daquelas que esperneariam como a suplicar "mamãe, mamãe, volte, não vivo sem você". Mas não, lá estava ela divertindo-se apesar de sua ausência. No carro, ao tentar retomar sua rotina apesar da saudade que esmagava seu coração, sentiu as lágrimas inundarem seu rosto ao pensar em sua filha viajando sozinha, saindo de casa, sendo independente. Aquilo levaria muitos anos, mas o cordão umbilical, gostasse ela ou não, já fora cortado.

Fim. Ou não.